Quinta-feira, Maio 15, 2008
INTERESSE PRIVADO VERSUS INTERESSE PÚBLICO
A Assembleia Municipal de Cantanhede aprovou, por unanimidade, a declaração de interesse público municipal do projecto do professor/advogado espanhol Matias Cortez. Em causa está a construção de uma moradia, na freguesia de Cadima, que integra uma biblioteca, um jardim com esculturas, um teatro aberto, uma residência para convidados das diversas palestras que pretende vir a realizar, entre outros aspectos. Segundo João Moura explicou na sessão, o professor que há alguns anos reside/frequenta a freguesia de Cadima, pretende realizar um projecto "inédito e de uma dimensão que não é habitual para um investimento privado". Neste projecto, que vai incluir uma biblioteca, o professor Matias Cortez pretende que a mesma seja, no futuro, "um espaço público". Além disso, a obra vai ainda incluir um teatro aberto e uma zona dedicada à exposição de esculturas, num projecto de arquitectura tradicional, semelhante a um pequeno palacete.
Professor com doutoramento em diversas universidades, Matias Cortez pertence ainda a um dos mais prestigiados consultórios de advogados de Espanha. No entanto, e depois de descobrir a freguesia do concelho de Cantanhede, optou por nela investir, pretendendo a ela trazer especialistas de diversas áreas para realizar palestras.
O projecto que deu entrada na autarquia de Cantanhede, foi concretizado por um arquitecto madrileno -"um dos mais conceituados professores da Universidade de Madrid"- e é considerado "muito importante para o concelho".
Segundo o técnico responsável pelo departamento de urbanismo da autarquia de Cantanhede, são 1700 metros quadrados para a residência, 500 metros quadrados para a piscina e 700 metros quadrados para a biblioteca. Este último equipamento vai estar dotado, segundo o técnico da câmara, de "soluções técnicas evoluídas no que diz respeito à luminosidade". Apesar de não ser conhecido o valor total do investimento, este deve ascender a cinco milhões de euros, e a declaração de interesse público municipal surgiu na sequência de ser necessário desafectar uma pequena parte do terreno da Reserva Agrícola Municipal.
Agora que o interesse público foi aprovado por unanimidade, resta esperar pelo início da obra. Todavia, na sessão de assembleia municipal João Moura esclareceu que a biblioteca vai ficar "recheada com um conjunto de obras valiosas", vai ser "frequentada por investigadores" e depois de assinado o protocolo com a autarquia "vai poder ser utilizada pelo público".
Transcrição integral da notícia publicada no "DIÁRIO AS BEIRAS" de 2 de Maio de 2008.
Depois de lida e relida a notícia, impõem-se os seguintes comentários:
1º- A câmara "esclarece". Esclarece sobre intenções de privados, estrangeiros, com interesses numa freguesia (Cadima) cuja actividade principal é a agricultura (daí o ter que declarar o interesse público da coisa, para poder subtrair uns poucos de milhares de metros quadrados à Reserva Agrícola).
2º- Esclarece que o investidor pretende que no futuro o empreendimento seja "um espaço público" aliás, como convém, por causa do subsídio.
3º- Esclarece que o investidor e o arquitecto são do melhor que há em Madrid (professor/doutor/advogado e professor/doutor/arquitecto) e por isso muito importantes para o concelho, aliás como nestas terras ainda se vive em subserviência aos títulos de doutores e engenheiros (veja-se o site da câmara: só o pessoal menor não tem título!), convém amedrontar um pouco a populaça.
4º- Ao invés, a câmara nunca esclareceu o que acontece com os baldios no Zambujal, lugar que curiosamente, pertence à mesma freguesia. A câmara possui dezenas de cartas que denunciam a prática de abusos de privados (e também de algumas empresas públicas) em terrenos públicos, alguns deles situados em plena R.E.N. (Reserva Ecológica Nacional). Possui também dezenas de requerimentos de munícipes a pedir a delimitação dos terrenos públicos administrados(?) pela câmara e que confrontam com propriedade desses próprios requerentes. A tudo isto, a câmara tem dito nada!
5º- A Associação Cultural e Recreativa do Zambujal, construíu um salão com dimensões inferiores às pretendidas, porque não podia "alargar-se" para a REN, mesmo sendo propriétaria do terreno.
6º- Conclusão:- Óh ti! Maria... venda-me meio litro de tremoços!- É pra já, senhor doutor... e por ser para si, vão por esta medida maior!
Publicada por Sifrónio em 15.5.08
Etiquetas: interesse público, municípios, obras públicas, RAN, REN, Serviço público
(Post roubado e aqui publicado com conhecimente do "Sifrónio") as hiperligações (links) neste post são da responsabilidade da "Ferroada".
Um à parte - disse á minha mãe, Lurdes, que o Luíz Pacheco dizia desta gente (os corruptos "vão todos prá puta que os pariu") e aminha mãe a Ti Lurdes disse-me não era assim, Carlos. Dizia-se assim. "Vão todos prá puta que vos há-de parir" é igual mas diferente, a diderença está "que os há-de parir" coisas do antes do 25 de Abril de 1974, que estão a voltar, ardilosamente, aí está o "lápiz azul" Linnndddooo.
É a saboderia popular a defender a corrupção, bem hajam os corruptos que tantas coisas, valores nos, subtraiem. Boas pessoas, mas que "vão prá puta que os há-de parir" mas há "putas que parem, onde estão os seus filhos".
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Classificação dos Afloramentos do Jurássico Carts ao Presidente da Junta de Freguesia (2006)
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sábado, 17 de maio de 2008
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8 comentários:
Já agora, quero ser o primeiro a comentar e dizer que esta iniciativa deve ser seguida por todos os bloguistas que pretendam exercer a cidadania por esta forma. Darão mais força à causa: Cidadania Pura e Simples, mas Dura e Feroz. Não dar tréguas ao poder, que o é, graças aos cidadãos. Os cidadãos não podem ser tidos e achados só em tempo de campanha eleitoral. Ferroada e Caçoada, para já, unidos nesta luta! Esperamos por muitos mais.
Viva a cidadania!
Um abraço.
Um abraço, a minha avó também usava essa expressão " Vão prá puta que os há-de parir".
Tenho um amigo que costuma dizer que precisava de ter um amigo que tivesse bombas.Isto é um país(letra pequena), um concelho (letra pequena) de gente sem pudor (Para não dizer asneiras).
Obrigado por estares com atenção.
Pelo que vejo, andam FAUNAS pelos bosques.
E disfarçados ou semi-invisíveis.
Eu sou um pouco desbragado, mas se necessitar dos meus blogs, eu coloco o nome nas vacas ou nos bois.
É só ter a certeza.
Esteja á vontada e sirva-se do xistosa, caso necessite.
Inclusive para pedir explicações para a Câmara ou Junta.
É o Portugal de hoje e sempre.
Boa Semana
Manuela
Obrigado Sifrónio pelo apoio.
A denuncia é cidadania activa, assim como o elogio quando ambos são merecidos.
Um abraço
Carlos Rebola
Caro José Vieira
Sinceramente, tenho receio que o "lápis azul" possa vir a ser usado com a mesma frequência que já foi e ainda na nossa memória recente. Começa-se a delinear um comprometedor silêncio ou quando não, dão-nos explicações que na maioria não passam de falácias, isto pode prefigurar o regresso do “lápis azul” com o pretexto de “moralizar” o protesto e o direito à indignação. Julgo que até já está instituído em alguns, por exemplo, um trabalhador, pobre e necessitado, “também os há”, nunca ousará exigir dignificação ao patrão, porque precisa daquele trabalho (é a sua sobrevivência) e sabe de antemão o que lhe acontece se ousar expressar-se…
Aí está o duplo “lápis azul” a funcionar, há vários indicadores que fundamentam o meu receio, isto passa-se nas nossas autarquias, começa a tornar-se “normal” e o costume também é uma fonte do direito.
Um abraço
Carlos Rebola
Amigo Xistosa
Os meus sinceros agradecimentos pela sua disponibilidade em oferecer-me o seu Blog para que possa tratar os bois pelos nomes.
Sabe amigo Xistosa, conseguiram em trinta anos, mudar a lei de modo a que não é possível dizer a verdade sobre uma pessoa que vulgarmente se denominava por ser verdade de "filho da puta", "corrupto", "ladrão", "etc", sob pena de levar com um processo judicial por difamação, o nosso 1.º ministro já o fez… e ainda dizem que vivemos em democracia com liberdade de expressão, talvez mas só para uma minoria.
Obrigado e um abraço
Carlos Rebola
Olá Manuela
Obrigado pela visita, tudo bom para ti também.
Este é o Portugal de hoje, mas é preciso que lutemos com uma cidadania activa para que não seja para sempre, as futuras gerações merecem melhor e mais solidariedade.
Abraço
Carlos Rebola
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