terça-feira, 28 de outubro de 2008

"Matança do porco" era festa familiar que antigamente reforçava os laços de coesão da família.A carne do porco era sustento das famílias para um ano.I

Nas aldeias rurais, a criação dum porco para matar, era vital para o sustento da família.
A matança do porco aqui no Zambujal era tão importante que se pode dizer que constituía uma festa, na qual participava toda a família com seus núcleos independentes da casa (família) mãe e por vezes vizinhos também eram convidados.




Era rara a família que tivesse nos currais um ou dois porcos, só os extremamente pobres o não faziam por total ausência de posses. Quase sempre um era criado para dar carne que seria consumida durante um ano, uma porca “criadeira” criava ninhadas de leitões que eram vendidos na feira do gado para se arranjar alguns tostões. Em ocasiões muito especiais, por exemplo nos casamentos lá se assava um leitão. Mas o porco criado com o Rolão do trigo ou milho (o que sobrava da farinha ao ser peneirada) e com os restos da cozinha, “lavagem”, não era raro cozer batatas e peles, nabos e outras hortaliças em grandes panelas de ferro (20 litros), no fim do Verão e no Outono o porco era engordado com figos. O porco era morto em Novembro Dezembro, no tempo frio para que as carnes não se estragassem. A matança do porco durava um dia, todo.


Logo de manhã, por volta das sete horas, na grande cozinha “a parte viva da casa” como diz Carlos de Oliveira, a mesa já estava posta com a cafeteira de esmalte cheia de café feito na grande fogueira do borralho, quase tudo girava à volta do lume. O “café” uma mistura de café (pouco), chicória e cevada torradas espalhava pela casa um forte e bom aroma que ainda hoje recordo com saudade, era bebido em tigelas ou canecas de barro vidrado e acompanhado com pão caseiro e por vezes “filhoses” os homens “matavam o bicho” com aguardente feita no alambique e ou jeropiga. As mulheres já estavam a descascar cebolas que picavam e salsa para um alguidar vidrado, com vinho, sal, pimenta, colorau e cominhos e cravinho, que iria servir para aparar parte do sangue do porco onde seriam misturadas gorduras e algumas carnes para se fazerem as morcelas.
A seguir ao café os homens vão para o pátio “curral” onde já se encontra um carro de bois, “aparelhado” com os caniços e dois fueiros “fogueiros”, um atrás e outro á frente do lado do cabeçalho e chegou a hora de agarrar o porco, a dificuldade desta operação é directamente proporcional ao tamanho do porco e da sua braveza, o animal é colocado em cima do carro de bois e o focinho é amarrado com um barbante ao cabeçalho enquanto as patas são amarradas aos fueiros “fogueiros” o porco é sangrado para o alguidar seguro por uma mulher para as morcelas, enquanto mistura com uma colher de pau o sangue no vinho para que não coalhe, enquanto outra mulher apara uma parte do sangue para uma taça de barro “palhão” este sangue da taça depois de coalhado, vai a cozer ao lume com água e sal, está sangrado e morto o porco, aqui a perícia do “matador” era essencial e também a forma como o porco morria era motivo de comentários e julgamentos que determinavam os piores e melhores "matadores" de porcos.



O porco é colocado numa grade (de gradar, alisar as terras) e é feita uma fogueira com cavacas, e um homem com uma forquilha com caruma (agulhas de pinheiro) acende-as na fogueira e começa a passar a chama nos pelos do porco que se queimam, enquanto outros o esfregam com carqueja, retirando-lhe os pelos queimados e uma fina pele. Esta é a operação de chamuscar o porco enquanto a garrafa da aguardente ou da jeropiga vai enchendo os copos, a criançada está ansiosa que se retirem as “castanholas” unhas das patas, estas são bem queimadas e retiradas, eram jogadas ao largo e as crianças corriam a apanhá-las e brincavam com os homens colocando-as nos seus bolsos sem que estes se apercebessem, por vezes a título de brincadeira os adultos faziam das “castanholas” copos por onde bebiam aguardente. Nesta altura o sangue cozido era distribuído aos cubos temperado com folhas de loureiro, colorau, pimenta, azeite e vinagre e era comido com pão caseiro e passava-se da aguardente ou jeropiga ao vinho tinto.

A etapa seguinte é tostar a pele do porco, com as agulhas de pinheiro na forquilha em braseiro se chama, de modo a que ela fique dura e alourada mas sem torrar. O porco está pronto para a operação seguinte, lavagem com água morna e a pele é vigorosamente esfregada com uma telha de cano “telha do Meco” que de costas faz penetrar o sal grosso que se espalhou na pele, courato do porco. Enquanto isto as mulheres continuam na “parte mais viva da casa” com várias tarefas entre elas cozer bacalhau que vai ser servido com batata cozida, sopas de pão (carcaça) embebidas na água que cozeu o bacalhau e tudo temperado com um molho de escabeche, este parto aqui no Zambujal é designado bacalhau das matanças. E é comido cerca das dez horas enquanto o porco enxuga e arrefece um pouco.

Quando todos entravam na cozinha para o bacalhau os mais pequenos ficavam junto do porco, e brincavam, escarranchando-se nel como se fosse um cavalo e pr vezes roíam-lhe as pontas das orelhas que estavam tostadinhas e até eram gostosas lembro-me de quando voltava o meu avô Hermínio que sabia perfeitamente o que tinha acontecido, também já fora criança traquina, dizia “o raio dos cachorros” já roeram as orelhas ao porco, e nós crianças riamos com cumplicidade marota.



Depois do bacalhau á moda da matanças estar comido, é altura de abrir o porco, a primeira coisa a fazer é goela (esófago) que é atada com “fio de morcela” fio de cera, esta é exposta através dum golpe longitudinal com navalha bem afiada, ao mesmo tempo outro homem faz o cu (ânus) do porco cortando o courato à volta deste e atando com o referido fio para reter as fezes. Depois é retirada a “peituga” uma tira de toucinho entremeado que vai da “façoila” (courato do maxilar inferior do porco) até ao cu, a peituga contém as tetas e glândulas mamárias.


O porco está aberto e retiram-se as vísceras, “aparelho” (constituído por pulmões, coração e fígado), estômago, tripas e bexiga. As tripas são separadas e retira-se-lhe o véu ou lencinho (grande membrana rendilhada de gordura que envolve as tripas) o “reçom” parte é para as morcelas e o restante com uma das banhas é para fazer “pingue” os torresmos resultado da fritura e são conduto que também recheiam a “torta” broa de torresmos. Normalmente a bexiga do porco era cheia de ar e era a bola com que as crianças jogavam até á exaustão ou rompimento daquela.

(Foto gentilmente cedida por Rui Paulo Murta)

Os homens limpavam a carcaça do porco, que fora pendurado com “apiaças” de couro, da canga dos bois, numa trave da casa da salgadeira, retirando-lhe aparas de gordura e membranas para o alguidar das morcelas e talhavam as peças de toucinho, que era medido na sua altura, e quanto mais alto melhor para o governo da casa e era também a prova da boa ou má engorda do cevado, estas peças de toucinho eram abertas ainda na carcaça e com pedaços de cana ou vime eram mantidas afastadas para arrefecerem e secarem até ao dia seguinte quando era desmanchado o porco nas suas variadas partes, gorduras, febras, ossos, etc.


As mulheres colocavam as tripas num tabuleiro de madeira comprido (o tabuleiro das tripas) e iam lavá-las à vala a jusante da Fonte Seca, a miudagem ia com elas para brincar e apanhar agriões para se fazer uma salada, que era comida com o sarrabulho (fígado, pulmão, sangue e febras) estufadas com especiarias, cebola, alho louro azeite e vinho e acompanhadas com batata cozida com a pele. Era meio da tarde quando se comia o sarrabulho, antes já se haviam comido as febras assadas na brasa, com pão e vinho, as queixadas (maxilares inferiores do porco) eram também assadas nas brasas mas eram comidas pelos mais idosos (os velhinhos) da família por ser a carne mais gostosa.

Agora que o porco estava pronto e a enxugar para ser desmanchado no dia seguinte, os homens sentavam-se na mesa grande da cozinha, jogavam às cartas, fumavam cigarros sem filtro “provisórios e definitivos”, comiam amendoins e bebiam vinho, enquanto as crianças em gritaria corriam por todo o lado a brincar, esperava-se a hora da “ceia”. A ceia era invariavelmente canja de galhinha, galho guisado e um cozido com carnes e enchidos do ano anterior, peituga fresca, couve tronchuda e batatas. Com toda a família á mesa grande, as crianças comiam numa mesa baixinha, conversava-se e combinava-se o dia das matanças do poço, que iriam acontecer ainda para que todos se pudessem reunir novamente. A ceia terminava com castanhas assadas, uvas que estavam penduradas em pregos nas traves do sobrado, nozes e peros “bravo esmolfe” de formidável aroma. À noite na rua em frente à casa nós as crianças faziamos uma fogueira que logo atraía os companheiros da mesma rua, naquele tempo havia muitas cianças para brincar, ao "ninho", ao "rô-rô", à "bugallha" e também à "bulha" com que se fortaleciam grandes amizades, muito maiores que nós que eramos pequenas crianças, ninguém reclamava da algazarra, qual chilrear de pardais em bando...
Estas são as recordações que tenho dos dias em que a família matava o porco e eram ansiosamente esperados. Era a reunião da família, hoje quase não existe assim as arcas frigorificas, as normas da CEE, a alteração do conceito e práticas familiares vieram acabar com estas festas de que guardo maravilhosa recordações que me marcaram.

O Provérbio: - "Em Janeiro um porco ao sol e outro ao fumeiro"

30 comentários:

São disse...

Ai, Carlos, peço muita desculpa: só assisti uma vez e jurei para nunca mais!!
Fique bem.

Carlos Rebola disse...

São

É natural e humano, que as pessoas sofram com o sofrer de outros seres, compreendo e também sou assim, porque o acto em si, de matar o porco, não é um quadro que agrade a quem quer que seja, as pessoas mais sensíveis não suportam assistir como é o caso da São, o que revela a sua capacidade de sentir o sofrimento alheio, o que é de muito louvar.
Mas, matar o porco, resultava duma necessidade vital das famílias do mundo rural, a festa não resultava ou festejava, a morte do porco propriamente dita, festejava sim, estou convicto, a própria provisão de alimento que daí resultava, estava garantida a sobrevivência da família, longe do espectro da fome por mais um ano. E esta alegria e alimento eram partilhados por todos.

Beijos
Carlos Rebola

xistosa, josé torres disse...

Nasci no Porto, mas fui de miúdo para Castelo Branco.
Duma varanda das traseiras, via matar os porcos.
Bichos que não morriam logo e que passavam horas em sofrimento.
É o que recordo.
Lembro-me que a faca "entrava, pela frente, entre as patas.
Foi assim que matei um leitão em Angola, que foi "comprado" de noite.
Tive a sorte de lhe ter acertado no coração e morreu rápido.
Nunca mais tive coragem ...

Ao véu ou lencinho, também lhe chamam "redenho".

Hoje tudo se perdeu.
As tradições, algumas talvez um pouco selvagens, mas a sobrevivência humana sempre se sobrepôs.
Também nos corta o coração ver uma leoa caçar.
E a lei do mais forte e se for para comer e não estragar, temos que aceitar a cadeia alimentar.

Já agora, depois destas recordações que são quase uma matança ao natural, o que me diz, a comer carne de cão, gato, macacos, cangurus, etc.
Por que só sacrificamos meia dúzia de espécies, que têm um impacte muito grande na sua criação e não nos virarmos para outros animais?
Serãoas tradições?
A herança que foi passando de pais para filhos?

Li um artigo sobre uma certa repulsa de uns e um consentimento, depois de estudo de outros.

Há coisas que nos calam por momentos.

Bem, não quero mais rojões, que o sangue cozido e o bacalhau da matança, mataram-me o apetite.

Como sempre, um hino ás pequenas coisas que afinal são o sustento de muitos de Norte a Sul.

Obrigado pelas visitas e pelo cuidado.

Um abração.

Carla disse...

Uma tradição que em alguns locais ainda continua a ser preservada
beijos

Carlos Rebola disse...

Amigo José Torres

A agonia de qualquer animal é sempre incómoda aos sentimentos de um ser humano, penso que é devido à nossa capacidade de podermos avaliar a situação como que se fossemos nós a vitima e sofremos. O porco deveria ser sangrado e morrer rapidamente isto dependia da perícia do matador de porcos, na aldeia havia sempre mais que um, eram pessoas que conheciam empiricamente a anatomia do animal e dum só golpe cortavam a aorta junto ao coração o que provocava uma morte rápida ao animal, quando o animal estava mais tempo que o “normal” para morrer o “picador” era censurado e admoestado.

Amigo por questões culturais, religiosas, gulodice, ou por pura sobrevivência, o Homem, ser omnívoro, em todas as latitudes come animais, o cão é comido no oriente, há quem coma canguru, macacos, ratazanas (Biafra), caracóis, insectos e larvas, gato (África), tartaruga, crocodilo, cobra, ouriço cacheiro, lagosta, burro, cavalo, faisão, cordeiro, etc. Os chineses dizem que tudo o que a terra e o mar produzem, é bom para comer e eles fazem-no. Também há os vegetarianos, que mesmo não querendo, ingerem, microrganismos do reino animal através dos próprios vegetais, água e ar. Possivelmente ao aprofundar esta questão, acabaríamos, numa discussão “filosófica”, não pouco interessante.

Voltando ainda à questão do sofrimento do animal (porco), “sentimo-lo” como humanos, não sei realmente se os meus sentimentos e neste caso avaliação e racionalização do sofrimento coincidem com os do porco. Mas uma coisa tenho certa, o que realmente me parece muito mais bárbaro e envergonha qualquer ser humano, é o sofrimento provocado aos nossos semelhantes pelo próprio homem, aí é possível avaliar o que sofrem, Mulheres, homens e crianças esventradas e ainda vivas, vítimas duma bomba que lhes jogaram em cima da casa, crianças vivas queimadas por “napalm”, pessoas humanas que vivem o resto da vida agonizando, pelos efeitos da barbárie humana nas guerras e crimes violentos. (Vi num filme real um pai com metade da filha ao colo, a outra metade desaparecera com a explosão da “mina pessoal”, a gritar desesperadamente a gritar que lhe salvassem a menina, isto passou-se em Angola)
Esta é que deve considerada a grande vergonha da humanidade no seu aspecto mais bárbaro.

Amigo José Torres espero que continue a degustar, uns bons rojões, umas boas fatias de presunto e tudo o mais que gosta, não deixe morrer esse saudável apetite, acima de tudo pelas coisas boas da vida.

Um grande abraço e obrigado
Carlos Rebola

Carlos Rebola disse...

Carla

Nos meios rurais do interior, as famílias menos remediadas e não só, que sobrevivem da agropecuária, a matança do porco ainda se mantém, ainda que em moldes e métodos ligeiramente diferentes, mas continua a ser uma festa.
Também há grupos folclóricos e etnográficos que estão a recriar esta tradição.

Beijos
Carlos Rebola

Anónimo disse...

Me lembro de uma vez o pai e o meu tio matarem um porco la na minha casa. E foi uma GRANDE festa!!!

Ai no ZAmbujal e nos Fornos ainda matam os porcos ??

:) Adelia

Carlos Rebola disse...

Adélia

No Zambujal e nos Fornos ainda se matam porcos. Mas a "matança" perdeu todo o ritual (festa) familiar de antigamente. Hoje é tudo mais prático "apressado", em duas ou três horas está tudo pronto.
O animal é criado, exclusivamente com "rações", intensivamente, contra-se alguém que mata, trata e "desmancha" o porco e passadas poucas horas, pagas ao contratado, a carne já está na arca frigorífica, hoje a salga está fora de questão por não ser recomendado, o excesso de sal é nefasto, mas também o método de produção da carne torna-a muito mais sujeita à putrefacção rápida mesmo em salmoura, é o que se verifica, a carne já não é o que era, com excepção daquela que raramente ainda é criada pelos meios tradicionais.
Quando vens até cá para veres o que mudou na nossa terra? Ela continua linda.

Beijos
Carlos Rebola

Anónimo disse...

Amigo Carlos,

fotos extraordinárias, tão bonitas como as da barra lateral. Não vi sequência fotográfica da matança do porco como esta, ainda por cima da região. Vou fazer post e link. Tem razão, a matança era uma cerimónia: um dia inteiro, reunião de família e amigos, a satisfação de assar as primeiras febras, os presentes sabedores daquele momento especial. Cada um levava depois uma oferta do dono da casa. O animal era sacrificado em respeito às necessidades humanas, e só o fazia quem era mestre na tarefa.
Já agora, aproveito para registar aqui também a minha satisfação pelo convívio do passado dia 4, na Associação bem situada no cimo do monte do Zambujal.

Anónimo disse...

As vezes me esqueco que em 17 anos muita coisa deve mudar, as vezes tenho pezadelos que chego ai e nao reconheco nada! :(
Mas com fe em Deus eu espero ir ai neste proximo Verao! Entao agora ja pego a oportunidade de lhe perguntar qual o mes de Verao que se mais aproveita ai em Portugal?

Voce recomende ir no Verao ou no Outono?

Mai uma vez muito obrigado !

:) Adelia

Arsenio Mota disse...

Caro amigo:
Tenho vindo a notar que publica neste seu blogue trabalhos bem documentados com excelentes imagens sobre tradições populares registadas nessa zona de Cantanhede. E não só sobre as tradições, também sobre fauna aí existente, etc. Ora esses seus trabalhos formam já um conjunto apreciável! Não se podem perder! A primeira ideia seria a de reunir tudo isso, bem organizado num volume, e publicá-lo PARA FICAR COMO MEMÓRIA. Mas é possível que esta ideia não resulte, a edição de livros corre pelas ruas da amargura... e as Câmaras tem outras prioridades. Então, em alternativa, sugiro: editar todo esse material, organizado a preceito, por exemplo num blogue temático dedicado a essas questões, com título a condizer. Que acha?
Seria uma forma viável de...
Fica um abraço e calorosas felicitações.

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá Carlos, o texto e as fotos a aconpanhar, fizeram-me recordar toda a minha infância, onde se passava exatamente como relatas-te, muitíssimo bem !...
Estou a referir-me aos Açores, onde também se passava assim... Querido Carlos, muito obrigada por me fazeres recordar, tempos passados... Bom fim de semana e beijinhos de carinho,
Fernandinha

Táxi Pluvioso disse...

Assisti a uma em criança. Que coisa deprimente, fez-me pensar na necessidade sagrada de matar para comer. Actualmente, como a população mundial sobe em flecha, acho que se devia fazer isto com seres humanos.

Gostei muito das fotos. Mostram os trajes e caras dos lusos. Não mudaram nada. Os actuais só não vêem senhoras sobre azinheiras.

Júlia Galego disse...

Fantástica descrição da tradicional matança do porco. As fotos são igualmente notáveis por retratarem uma época que parece tão longínqua (modo de vestir, aspecto geral das pessoas), mas, afinal, ainda tão próxima e que nos dá a exacta medida da evolução a que assistimos no último meio século.
É evidente que há aspectos bárbaros nestas tradições. Mas temos de as enquadrar no tempo em que ocorreram. Para as pessoas, matar um animal (porco, galinha...) era apenas uma questão de sobrevivência. Hoje até podemos achar esta prática pouco adequada porque tudo nos aparece pronto a consumir e não precisamos de assistir a cenas que chocam os espíritos mais sensíveis (eu também não gosto de ver).
Adaptando o ditado: Longe da vista, longe da sensibilidade.
Bom fim de semana
Bjs

Mello disse...

Olá Carlos!

Fizeste-me recordar a matança do porco da minha infância. Era uma trabalheira... mas o que me custava mais era os guinchos do porco, doía-me a alma, nunca me aproximei...

Beijinhos,

Graça Mello

Vítor Ramalho disse...

As tradições perdem-se para que a comida de plástico e o mundialismo possam singrar.
Parabéns pelo texto.
Tive muita honra em ter o autor deste blogue em mais uma jornada de luta contra a co-incineração.
A blogoesfera é importante mas é na rua que se ganham as guerras.

fotógrafa disse...

Se amigos são flores que duram, um ano ou um dia,
não faz diferença, porque o importante,
são as marcas que deixam nas nossas vidas.

Bom fds
abraço

Carlos Rebola disse...

Amigo Jorge Guerra

A matança do porco que durava um dia inteiro era realmente uma festa familiar que mantinha e até reforçava os laços fraternos da própria família e era também um motivo para a partilha. Algumas destas fotos são dos anos 40/50 e são bons testemunhos daquela época.
O convívio na ACRZ foi do agrado de todos e foi uma tarde fraternal e animada.
Obrigado

Um abraço
Carlos Rebola

Carlos Rebola disse...

Adélia

A melhor altura é o Verão, em Agosto é quando os emigrantes chegam para matar saudades e é quando podes encontrar pessoas que noutra altura é dificil.

Beijos
Carlos Rebola

Carlos Rebola disse...

Amigo Arsénio Mota

Fico muito agradecido pelas suas sugestões.
Estou a pensar como divulgar esses trabalhos que refere.
Para já talvez um blog temático, dedicado, seria o mais imediato, parece-me. Sugere algum título para esse blog? Ficaria muito contente se recebesse sugestões.

Sinto-me honrado pela sua apreciação o que me motiva.
Obrigado

Um abraço cordial
Carlos Rebola

Carlos Rebola disse...

Fernandinha

Fico contente por lhe ter recordado coisas boas da infância.
A nossa meninice guarda maravilhosas recordações que precisam ser refrescadas, para nos rejuvenescer, segundo o ditado que diz "recordar é viver"...
Obrigado.

Beijos
Carlos Rebola

Carlos Rebola disse...

Amigo Táxi Pluvioso

Realmente quando, num passado recente, nos intoxicaram com informação, contra os trajes de outros povos, (forma mesquinha de criar ódios e justificar guerras), como o uso de lenço e burca, pensei como esquecemos rapidamente as nossas imagens ao espelho do nosso vestir, ainda pertencemos a um povo que vê senhoras bem vestidas no mato em cima de azinheiras, a mesma árvore onde na terra do nome da filha de Maomé, já se enforcou gente, facto que se mantém em segredo pelos que alimentam ódios contra povos não muito diferentes do nosso, também têm a sua cultura, por sinal multimilenar.

Um abraço
Carlos Rebola

Carlos Rebola disse...

Júlia

É certo a sua frase "longe da vista, longe da sensibilidade", não sabemos ao certo como foi criado, manuseado, morto e tratado o animal que aprece nas luminosas (com luz vermelha para iludir o aspecto da carne) vitrinas em forma de bonitos bifes. Já tive a oportunidade de ver denuncias em filmes, nos quais são bem mais bárbaros os métodos de tratamento e morte dos animais, aí tudo bem o carrasco não é conhecido e cumpre a sua função.
A nossa sociedade modernizou-se e muito nos últimos 60 anos e a própria maneira de vestir reflecte isso e comprova-o.
Obrigado

Beijos
Carlos Rebola

Carlos Rebola disse...

Graça Mello

Realmente eram horríveis aqueles guinchos, tão agudos e estridentes, que feriam os ouvidos e até a "alma", mas era um mal que não se sabia evitar.
Obrigado pela visita

Beijos
Carlos Rebola

Carlos Rebola disse...

Caro Vitor Ramlho

A comida boa, confeccionada com os produtos naturais (hoje chamam-lhe biológicos, o que não se entende, se querem demarcar de outros) de antigamente é difícil hoje em dia, a comida de plástico está a tornar-se uma autentica porcaria e pode vir a ser um grave problema de saúde pública, a questão das "vacas loucas" foi, parece-me um aviso para ter em conta.
A co-incineração está na mesma linha de atentados quase sistemáticos à saúde pública, é preciso com conhecimento e consciência denunciá-la e evitá-la, existem outra alternativas muito menos perigosas, é verdade que são mais caras, mas as populações merecem-no.
Obrigado

Abraço
Carlos Rebola

Carlos Rebola disse...

Fotógrafa
Obrigado pela visita e pelas palvras bonitas.

Beijos
Carlos Rebola

Anónimo disse...

Amigo Carlos,

mais uma vez, em relação às fotos e à sua divulgação, como realçou o escritor Arsénio Mota, permita-me sugerir ainda outra via, aquela que em princípio me achou indiferente mas depois reconsiderei e me tornei também em munícipe colaborador (com um documento). Trata-se da eventual cedência de cópias destas fotos ao projecto "Traçar a Memória do Concelho de Cantanhede". Vou enviar ao amigo Carlos o e-mail para onde pode enviar as reproduções.

Anónimo disse...

olá carlos
sou brasileiro e gostei muito desta materia, porque me lembrei de minha vida de infâcia, maravilha, parabéns. Carlinho, atualmente estou na irlanda. mais uma vez parabens.

Carlos Rebola disse...

Carlinho

Fico contente por ter trazido à memória recordações boas da tua infância. "Recordar é viver".

Obrigado pela visita volta sempre.

Um abraço
Carlos Rebola

Anónimo disse...

eu assisti várias vezes e achava um ritual fantástico.