sexta-feira, 7 de março de 2008

Caminhos velhos

(Assim eram os caminhos velhos da "Estrada Real" os rodados dos carros de bois e carroças deixaram sulcos nos aloramentos margosos. Esses caninhos foram destruidos ou soterrados com entulho)

CADIMA
Sede de freguesia de uma das zonas do concelho de Cantanhede mais ricas em vestígios arqueológicos.
Se mais nada houvesse a descoberto, bastaria o pró­prio topónimo (do árabe "qadimu"- antigo,velho(l) ) para nos alertar e incentivar a uma busca cuidada a sua zona de implantação pela sua estreita ligação com a rede viária.(2)
Seria este o "campo carriense" de Plínio? (3)
Ponto de passagem de alguma via romana? Não possuí­mos quaisquer dados que nos possam inferir tal. Referencias literárias à sua existência são nulas. No entanto, as informações orais recolhidas podem, de algum modo, ajudar-nos a trazer alguma luz sobre o problema.
E da memoria do povo ter sido a zona de Cadima ponto de passagem de duas estradas antigas.
A mais antiga de que há memória, viria de Montemor e seguiria pela Carapinheira, Boleta, Meco, Gordos. Passa­ria pelo Zambujal junto à Fonte seca e seguindo pela Pedra do Sino, dirigia-se para Lemede donde seguiria para Cantanhede. Tratar-se-ia dum simples caminho de terra batida.

(Nesta Ortofoto de cerca de 1990, da zona dos Rodelos, Pedra do Sino e São Gião pode ver-se a "Estrada Real" caminhos velhos e os afloramentos ainda intactos. Esta legenda e foto não fazem parte do texto.)


(1) MACHADO, Dic.Etim.,II,21
(2) VASCONCE LOS. Opúsculos 11,147
(3) COSTA,A.,Dicc.Ch.,IV,2o3 : "No sítio chamado das Fervenças ha dous olhos de agua, o; quais sorvem tudo quanto se lhe lança, e já succedeo, que sorvesse arvores inteiras, que de propósito lhe lan­çarão”. Esta fonte entende VASEO na CHRONICA de HESPAINHA, que e uma de duas que Plíno histórico disse que havia na Hespanha no “campo carriense" (...), por campo carriense diz vaseo, que se há-de entender "Campo Catinense”, que vem a quadrar com Cadima, como esta terra hoje se chama".
Outra estrada haveria antes da actual que, entroncando talvez na Carapinheira com a já referida, descia na direcção do Amieiro seguindo por Arazede, quintas da Galboa, vale do Bacelete e passaria pelos Burgos, Mato Pinto e Lemede, indo ter a Cantanhede.
Terão estas duas estradas alguma ligação com uma hipotética via romana? Qual o seu traçado? Seguiria tendencialmente o destas ultimas? Não podemos, a partir das informações recolhidas, definir minimamente o seu traçado. O que não nos restam dúvidas é de que ela tenha existido tanto mais que são inequívocos os vestí­gios arqueológicos da ocupação romana nesta área, con­centrados particularmente no sitio hoje denominado de Pelício e no sítio da Pedra do Sino, além de várias referencias a outros locais.


Autor Simões Cruz in
"Subsídios para uma carta arqueológica do Concelho de Cantanhede 1983"

O provérbio: - "Nunca troques o caminho velho pelo novo."

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