sábado, 25 de abril de 2009
25 de Abril - Dia da Liberdade
Liberdade
– Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
– Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
– Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Miguel Torga, Albufeira, 28 de Agosto de 1975, in Diário XII
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Apresentação do livro "Pé-de-Vento na Lixeira"
Citações do prefácio
“O Museu da Pedra do Município de Cantanhede, ao editar tais relatos, cumpre o seu papel de instituição promotora de valores de sustentabilidade junto do seu vasto público, iniciativa que a Comissão Nacional da UNESCO saúda e reconhece como de inestimável interesse na difusão dos princípios subjacentes à Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável e ao Ano Internacional do Planeta Terra, actualmente em curso.
Por último, uma especial palavra às autoras e ilustradora que, de uma forma muito criativa e divertida, nos alertam para a necessidade de uma gestão sustentável dos resíduos, destacando que, também eles, podem ter um papel essencial na construção de um planeta mais saudável.”
Fernando Andresen Guimarães
Presidente da Comissão Nacional da UNESCO
"O resultado é uma autêntica lição sobre o que está em causa quando se fala de preservação do meio ambiente e de conservação da natureza, tendo como referência os deveres de cidadania e as novas exigências na forma de lidar com os resíduos sólidos urbanos, que nesta história de Maria Helena Henriques e Maria José Moreno, com ilustrações de Verónica Rebola, se recusam a ser tratados como lixo e reclamam a sua valorização.
Esse é aliás um dos maiores desafios com que as sociedades modernas estão confrontadas, o desafio de promover a sustentabilidade dos recursos naturais e de um ambiente de qualidade, através da consolidação de uma cultura cívica em que os comportamentos tendentes a assegurar as condições necessárias para a redução, a reciclagem e a reutilização dos resíduos sejam uma prática efectiva no quotidiano dos cidadãos."
João Carlos Vidaurre Pais de Moura
Presidente da Câmara Municipal
É editar uma história que é a história de todos os despojos de uma sociedade marcada por um consumo exacerbado de todo o tipo de objectos que rapidamente se tornam inúteis. É a história de uma comunidade de resíduos que, farta de campanhas inúteis em prol dos "3 Rs" junto dos cidadãos, desenvolve outra estratégia, assumindo o seu direito à indignação e lutando activamente por ter uma nova oportunidade na sociedade. E uma história que não trata o lixo enquanto tal. Todos os resíduos que a protagonizam, impregnados de engenho e muito humor dialogam entre si e com o leitor, para o levar a reflectir sobre a séria e complexa situação do excesso de produção de resíduos. Cada um deles esgrime argumentos para persuadir o leitor a ser um apoiante indefectível da sua causa que é, afinal, uma causa comum e da maior relevância, designadamente em termos de saúde pública. Esta, é também uma história que resulta da partilha de princípios de sustentabilidade entre autoras e ilustradora, partilha essa que envolverá agora os jovens cidadãos de Cantanhede, através do melhor mediador do município em matéria de promoção de educação para a sustentabilidade: o Museu da Pedra.
Coimbra, 23 de Janeiro de 2009
Maria Helena Paiva Henriques
Comité Português para o Ano Internacional do Planeta Terra
A edição do livro integrada no âmbito das acções do Ano Internacional do Planeta Terra, foi apadrinhada pelo Museu da Pedra de Cantanhede.
A mesa era constituída, pelo Presidente do Grupo Auchan, pela Directora Adjunta da Direcção Regional da Educação Centro que prometeu a integração do livro no Plano Nacional de Leitura (Ler+) e distribuição pelas escolas, pelo Presidente da Comissão Nacional da UNESCO, pelo Vereador da Cultura, Pedro Cardoso, que prometeu que o Munícipio iria mais além no que este evento significou, pelas autoras Helena Henriques e Maria Moreno que no mesmo âmbito também são autoras com Galopim de Carvalho dos "Contos da Dona Terra", pela ilustradora Verónica Rebola.
Cerca de 200 pessoas, muitas crianças, assistiram à apresentação do livro, que foi oferecido a todos os presentes, as autoras e ilustradora assinaram com dedicatória o livro, a quem o solicitou.
O "lixo" organizou-se um dia na lixeira e produziu um panfleto revolucionário que o vento distribuiu por todos os cidadãos, Dizia assim "Somos RSU! Não queremos ser tratados como lixo! Queremos ser valorizados!"
O livro foi objecto dum momento cénico muito engraçado e bem conseguido, preparado por Nuno Loureiro e oferecido pelo Grupo Auchan.
Espera-se que o "Pé-de-Vento na Lixeira" dê os seus frutos entre os mais novos (o futuro) e que as instituições e mais velhos também acatem e apreendam os seus ensinamentos e os ponham em prática.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
"Pé-de-Vento na Lixeira"
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Protesto pela destruição do património ambiental, territorial e cultural no Zambujal entregue ao Presidente da Câmara Municipal
Zambujal, 7 de Abril de 2009
Assunto: - Protesto perante a passividade da CMC ao assistir à ocupação e destruição de património que é de todos, considerado importante.
Exmo. Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede
Carlos Alberto Rebola Pereira, contribuinte fiscal Nºxxxxxxxxx, morador na Rua Vale de Zambujal, N.º 108, Zambujal, 3060-115 Cadima.
Senhor Presidente mais uma vez, venho denunciar, a ocupação e destruição recentes a acumular às já efectuadas em anos anterior, do património que é de todos.
Veja nas fotos o que se pode ver no local se for visitado e merece visita. Isto é o motivo de protesto.
Estamos perante, o que pode ser considerado um desafio aberto à autoridade da autarquia (poder local), em evidente desrespeito, vergonhoso, pelo corpo legislativo e regulamentar que tem como objectivo preservar e defender o ordenamento do território, a Reserva Ecológica Nacional, o ambiente, o património cultural e paleontológico que a todos pertence e se encontra no território do concelho de Cantanhede cuja administração e gestão tem como principal responsável o Presidente da Câmara. Até ao momento nada foi feito no local que tivesse como consequência o travar desta que parece ser uma destruição vergonhosa e impune de valores patrimoniais considerados importantes, protesta-se assim contra a passividade da Câmara Municipal.
(clicar nas fotos para ampliar)
Estes “Afloramentos do Jurássico Médio”, depósito de muitos fósseis, situados em terrenos comunais do “Horst de Cantanhede” em plena REN não têm merecido qualquer atenção da CMC, o que tem como consequência a sua destruição que pode ser considerada criminosa.
Atentados contra o ambiente são sistemáticos, com a deposição de lixos, alguns susceptíveis de contaminar irremediavelmente o “Aquífero Cársico da Bairrada” que alimenta os Olhos da Fervença que nos abastece de água ainda potável. Veja estudo de 2000, do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro sobre os Olhos da Fervença.
Resultantes da obra de saneamento da qual é dona a CMC, foram depositados nestes terrenos comunais situados em plena Reserva Ecológica Nacional milhares de metros cúbicos de detritos com alcatrão, como estas fotos mostram.
Um atentado ao ambiente que desrespeita o Regime especial da REN e os próprios regulamentos municipais. Tenho conhecimento que o SEPNA da GNR notificou no sentido da sua remoção, até agora tudo está na mesma. Aliás numa informação jurídica (23 de Maio de 2007), da CMC a que tive acesso através de requerimento à Junta de Freguesia diz, “…em zona REN (Reserva Ecológica Nacional, …caberia à Câmara Municipal, como entidade fiscalizadora, tomar as providências necessárias para autuar os infractores e remover as consequência da infracção” nada foi feito apesar da origem dos resíduos ser do saneamento cuja dona de obra é a própria Câmara Municipal. A Zona de REN referida está contemplada no PDM do Município.
Os afloramentos com importância científica, onde o Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra dá aulas práticas de Estratigrafia conforme parecer da Professora Doutora Helena Henriques, na posse de Vossa Excelência estão a ser destruídos assim.
Nestes afloramentos segundo me explicaram há uma falha que resultou da colisão de África com o nosso continente, é uma singularidade única no concelho de Cantanhede. Teremos que esperar muitos milhões de anos para que se feche o “Ciclo de Wilson” para que se possa repetir tal evento cuja memória da Terra estamos a destruir, ou a permitir que seja destruída?
No local dos afloramentos estas imagens deixaram de se poder obter os afloramentos foi destruído para plantar cedros e eucaliptos e falamos de zona de Reserva Ecológica Nacional.
A mobilização de terrenos em terrenos comunais situados em plena REN continua e a ocupação com demarcação aleatória contra os regulamentos municipais também continua, por incrível que pareça o que se vê nas fotos foi feito este mês mas a CMC em reunião efectuada em Setembro do ano transacto disse que o assunto estava a ser tratado. É este o ser tratado? Não compreendo. Nesta foto satélite podem-se ver a vermelho o património que está ser ocupado e destruído (salvo possíveis correcções de delimitação) a amarelo está assinalado o recinto desportivo da Associação Cultural e Recreativa do Zambujal que serve a comunidade.
Está-se assim a retirar a possibilidade à geração presente e gerações futuras de usufruírem dum possível “parque” com evidentes potencialidades lúdicas, ambientais, cientificas e pedagógicas, onde se poderia:
- Estudar um período da História do Planeta Terra memorizado na sua “pele” se for evitada a sua destruição.
- Estudar uma flora e fauna peculiares se for evitada a destruição do seu habitat.
- Estudar sobre os aquíferos e lençóis de água devido à existência de nascentes e dum relevo proporcionador ao entendimento das mesmas.
- Estudar os fósseis, principalmente amonites, devido à sua abundante existência, caso não continuem a ser destruídos.
- Estudar “in loco” o Horst de Cantanhede, primeira elevação após a planície gandareza, e que divide as bacias hidrográficas do Rio Vouga e do Rio Mondego, ainda é possível verificar precisamente os locais onde as águas se dividem.
- Estudar os efeitos provocados na crosta terrestre pela colisão dos continentes ou placas continentais que aconteceram há milhões de anos.
Outras potencialidades existem que em conjunto poderiam constituir além do mais um recurso prático e local para visitas dos visitantes do museu da pedra, relacionadas com Paleontologia e Geociências.
Exmo. Senhor Presidente por isto e pela consciência de que devemos “pensar global e agir local” protesto pelo facto de se deixar destruir, nas “barbas” da CMC este património que a todos pertence.
Por um concelho cada vez melhor em todo o seu território, solicito a Vossa Excelência que faça cumprir a lei e os regulamentos municipais e que trave imediatamente este estado de coisas que do conhecimento do Senhor presidente têm vindo a acontecer há vários anos, penso que pode com os poderes, meios legislativos, instituições, entidades e técnicas ao seu alcance e dispor, terminar com esta vergonha e repor o que ainda é possível repor.
Com os melhores cumprimentos
(assinatura)
Carlos Alberto Rebola Pereira
"Tiro o chapéu com respeito e gratidão aos meus antepassados, recentes e remotos que, sem leis de defesa do ambiente, sem protocolos de parcerias empresariais, conservaram o património territorial comunal, o ambiente, as florestas, o solo e as fontes de água, preservando a sua sustentabilidade, ao contrário do que se passa hoje, no século XXI, em que há uma enorme malha de leis que prescrevem a defesa do ambiente, em que há tanta informação sobre consciencialização ambiental, em que há tantos poderes politicamente organizados, com resultados que localmente estão à vista, parece que querem salvar o mundo, sem cuidar de salvar o que cada um tem debaixo dos próprios pés e da vista. É preciso pensar global e agir local. Os lavradores rurais do passado, tantas vezes considerados ignorantes, tinham a sabedoria que hoje por vezes falta, para manter saudável e respeitar a Natureza, que era o seu e também é o nosso suporte de vida."
É de dificil entendimento, que isto se passe num município com prémios de boas práticas ambientais, de geoconservação e de boas práticas administrativas. Parce-me que tais prémios são resultado de avaliações que não têm em conta as referidas práticas.