domingo, 1 de março de 2009

"Quando vier a Primavera" de Alberto Caeiro

A Mãe Natureza neste princípio de Março já prepara as grinaldas para receber a Primavera.
A generosidade da Natureza para connosco, contrasta com a nossa generosidade para com ela.
Magnanimidade e nobreza feita beleza que nos dá alegria e felicidade. Para além da humanidade, de nós, continuará a chegar a Primavera, continuando a vida que tratamos como se fosse só nossa e exclusiva.



Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?

Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

(Alberto Caeiro)


O Provérbio: - "As grandes alegrias merecem partilha"

7 comentários:

Mariazita disse...

Meu caro Carlos
É verdade, a Primavera já se faz anunciar.
Nesta minha última ausência fui ao Norte, e pude ver as acácias (ou mimosas) todas floridas, alegrando as estradas com seu amarelo brilhante! E o perfume? Não deu para sentir...mas sei que é muito agradável, porque o conheço.

Este poema de Fernando Pessoa, sob a capa de Alberto Caeiro, é maravilhoso.

E lindíssimas são as fotos que publicaste.

Um post óptimo. Parabéns.

Beijinhos
Mariazita

Carla disse...

adoro a Primavera pela vida que faz renascer como as palavras e as imagens aqui demonstram
beijos e boa semana

Arsenio Mota disse...

Caro amigo:
Houve um tempo em que quis saudar cada nova Primavera com uma crónica. Para saudar o acordar das seivas, a renovação da vida. Onde isso já vai! Mas ainda hoje o frémito das seivas irrompendo da letargia invernal me parecem vibrar num encanto maravilhoso. E as suas imagens, tão belas, e o seu olhar atento, trazem-nos uma autêntica celebração de cor e alegria visual. Apetece então ouvir de novo Vivaldi...
Grande abraço!

Anónimo disse...

A eterna primavera.
UM ABRAÇO

Táxi Pluvioso disse...

A ver vamos se as andorinhas voltam este ano. Boa semana.

xistosa, josé torres disse...

Não é o local próprio para entrar em dialogo com a Mariazita, mas as mimosas, como todas as acácias são uma praga ... e proibidas no nosso país.
Há poucos anos, obrigaram-me a cortar o que não tinha plantado ... nem sei o que diz a lei, mas sei que são uma praga.
Como outras plantas que dão lindas flores, o nome ... agora foi-se ... são aquáticas e de rios onde há peixes que comem as folhas.
Aqui invadem tudo e retiram o oxigénio da água, matando os peixes.
Esqueci-me mesmo do nome ...
Nem em tanques são autorizadas.
Não sei se o Fernando ..., desculpe, o Alberto Caeiro viu estas fotos.
Porque tudo é real e tudo está certo.

Juℓi Ribeiro disse...

Lindooo!
Aqui encontrei a verdadeira Primavera...

Obrigada pelo gentil comentário.
Um abraço.