sábado, 21 de março de 2009

Gatos que vivem na casa

Estes são o Jaleko e a Mimi, ele atento à conversa, prestes a afirmar o seu sim de macho, ela enfastiada com a mesma conversa, boceja.

Ela é uma senhora, ele é um tolo. Os dois vivem em nossa casa.

E porque hoje é o dia da poesia:


Gato que brincas na rua

Como se fosse na cama,

Invejo a sorte que é tua

Porque nem sorte se chama.


Bom servo das leis fatais

Que regem pedras e gentes,

Que tens instintos gerais

E sentes só o que sentes.


És feliz porque és assim,

Todo o nada que és é teu.

Eu vejo-me e estou sem mim,

Conheço-me e não sou eu.


(Fernando Pessoa)


Esta foi a figura em que ficou o Jaleko, quando quis mostrar as suas habilidades à Mimi e subiu pelo interior da chaminé da lareira. O seu orgulho enfarruscado desapareceu no momento em que pediu ajuda para ser salvo de nariz esmurrado.
O Provérbio: - "Companhia de dois, companhia de bons"

sábado, 14 de março de 2009

Jardim gandarez

Porque hoje foi dia de feira na Tocha, feira dos 14 fomos até lá bem cedo, para comprar as "nvidades" aos produtores hortícolas, para assim, prepararmos o nosso "jardim gandarez", nome que adoptei porque o acho adequado, depois de o amigo Manel Ribeiro ter baptizado assim as nossas hortas, nas quais produzimos as alfaces, cebolas, feijão verde, talvez as mais caras do mundo, mas são verdadeiramente "biológicas" e um eficaz remédio anti-stress, durante todo o ciclo, da terra à nossa mesa.
O cheiro a terra fresca é um retorno às origens, onde nos sentimos bem.
A nossa ruralidade de vida simples e saudável, é feita de pequenas grandes coisas, com os pés e as mãos na terra, que nos alimenta e nos faz sonhar.
"No mistério do Sem-Fim,
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro:
no canteiro, urna violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o Sem-Fim,
a asa de uma borboleta."
(Cecília Meireles)
O Provérbio: - "Terra e torrão, tudo faz pão"

quarta-feira, 4 de março de 2009

Os "sumo-sacerdotes" do templo do "todo-poderoso" deus dinheiro, andam a matar pessoas


Eis o "deus" que os senhores do mundo "sacerdotes do templo" adoram sem limites, causando enormes sofrimentos a todos os outros. Esta ignominiosa exploração humana e dos recursos naturais, a continuar atingirá o limite...


No dia em que se comer o último peixe, o último bocado de carne, o último vegetal, no dia em que se beber o último copo de água fresca e potável, no dia em que se respirar a última molécula de ar puro. Só nesse dia os "sumo-sacerdotes do templo do deus dinheiro" reconhecerão que o seu deus não é um deus vivificante. Nesse dia restará somente eles (sobrevivem sempre após as desgraças e catástrofes) e o seu deus, será precisamente nesse dia em que tudo foi o "último" que...


Então o Homem em agonia verifica que não pode beber e comer o dinheiro.


Terá que ser reeditada uma história antiga, expulsar do templo, os agiotas, especuladores, ladrões e assassinos, é preciso expulsar a "chicote" os "sumo-sacerdotes do templo do dinheiro", porque eles andam a matar pessoas, são criminosos assassinos, vestidos de alvas e puras túnicas de anjos celestiais.
Adenda de 6 de Março - Relacionada com o dinheiro veja a interessante crónica de Arsénio Mota "Venha alguém explicar ao povo ".

Os provérbios: - "O dinheiro tem aniquilado mais almas do que o ferro corpos" e "Quem duvida não se engana"

domingo, 1 de março de 2009

"Quando vier a Primavera" de Alberto Caeiro

A Mãe Natureza neste princípio de Março já prepara as grinaldas para receber a Primavera.
A generosidade da Natureza para connosco, contrasta com a nossa generosidade para com ela.
Magnanimidade e nobreza feita beleza que nos dá alegria e felicidade. Para além da humanidade, de nós, continuará a chegar a Primavera, continuando a vida que tratamos como se fosse só nossa e exclusiva.



Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?

Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

(Alberto Caeiro)


O Provérbio: - "As grandes alegrias merecem partilha"